No Brasil, os negros representam aproximadamente 56% da população. Contudo, essa maioria demográfica não se reflete nos quadros da advocacia. Dados da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) indicam que, nos últimos dez anos, apenas 6,02% das advogadas e 7,45% dos advogados se autodeclararam negros
CORREIO BRASILIENSE
“Em grandes escritórios de São Paulo, a presença de advogados negros aumentou de menos de 1% em 2019 para 11% em 2022“FOLHA DE S.PAULO
Embora esse crescimento seja significativo, a representatividade ainda está aquém do ideal.
Fatores Históricos e Sociais
A baixa representatividade negra na advocacia brasileira é resultado de uma combinação de fatores históricos e sociais:
Desigualdade Educacional: O acesso limitado a uma educação de qualidade tem sido uma barreira significativa para a população negra, dificultando o ingresso em cursos de Direito de instituições renomadas.
Racismo Estrutural: Práticas discriminatórias, muitas vezes sutis, permeiam processos seletivos e ambientes de trabalho, restringindo oportunidades para advogados negros.
Falta de Referências: A escassez de profissionais negros em posições de destaque na advocacia reduz a inspiração e a motivação para que jovens negros ingressem e permaneçam na profissão.
Comparações Internacionais
A representatividade negra na advocacia varia globalmente:
Estados Unidos: Em 2020, aproximadamente 5% dos advogados eram negros, enquanto a população negra representava cerca de 13% do total. Apesar de iniciativas de diversidade, a sub-representação persiste.
Reino Unido: Em 2021, cerca de 3% dos advogados eram negros, em contraste com aproximadamente 4% da população negra no país. Programas de inclusão têm sido implementados, mas os desafios permanecem.
Iniciativas e Caminhos para a Inclusão
Para promover maior equidade na advocacia brasileira, algumas medidas são essenciais:
Programas de Mentoria: Iniciativas que conectam estudantes e jovens advogados negros a profissionais experientes podem fornecer orientação e apoio necessários para o desenvolvimento na carreira.
Políticas de Diversidade: Escritórios de advocacia e instituições jurídicas devem adotar políticas claras de inclusão, garantindo processos seletivos mais equitativos e ambientes de trabalho acolhedores.
Conscientização e Educação: Promover debates e treinamentos sobre racismo e diversidade no ambiente jurídico é fundamental para desconstruir preconceitos e fomentar uma cultura mais inclusiva.
Conclusão
No Dia da Consciência Negra, é imperativo refletir sobre a sub-representação de advogados negros no Brasil. Reconhecer os desafios históricos e sociais é o primeiro passo para a transformação. A construção de uma advocacia mais diversa e inclusiva não beneficia apenas os profissionais negros, mas enriquece toda a sociedade, promovendo justiça e igualdade para todos.